Mão

Ao menos 50% das mãos mutiladas no Brasil poderiam ser preservadas se o primeiro atendimento cirúrgico fosse especializado. A avaliação é da ABCM (Associação Brasileira de Cirurgia da Mão), que divulgou uma pesquisa inédita sobre o perfil das lesões de mãos.

 

A reabilitação funcional das mãos também é outro gargalo. Há poucos centros especializados, com longas filas de espera.

O levantamento da ABCM se baseou em 4.258 atendimentos feitos em 12 hospitais, entre 15 e 25 de abril último. Quase metade (43%) das lesões ocorreu em ambiente de trabalho.

O estudo, divulgado durante congresso em São Paulo, chama atenção para o grande volume de acidentes de mãos - é um dos mais frequentes e uma das maiores causas de afastamento do trabalho no país.

"O socorro mal conduzido gera graves sequelas ao acidentado, podendo causar incapacidade funcional irreversível e, às vezes, até amputação", alerta o médico Flávio Faloppa, professor titular de ortopedia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que presidiu o congresso médico.

 

Editoria de Arte/Folha Imagem

Embora exista uma legislação federal - portaria nº 3.642, de 1998- que determine que deva haver um especialista em cirurgião de mão entre os médicos que compõem as equipes hospitalares de atendimento de urgência e emergência, na prática, isso não existe.

"Apesar da grande frequência de lesões traumáticas de mãos, causada principalmente por acidentes de trânsito, explosões e esmagamentos, a portaria não é cumprida. Apenas os pronto-socorros ligados aos hospitais-escola têm atendimento mais especializado."

Só na Unifesp são feitas 20 cirurgias de mão por dia. No caso de lesões mais graves, como as do plexo braquial (conjunto de raízes nervosas que saem do pescoço e que formam todos os nervos que dão movimento aos braços, punhos e mãos), a espera é de mais de um ano. A lesão é causada, principalmente, por acidentes de moto.

"A situação se transformou em um verdadeiro caos. Os gestores de saúde não investem na abertura de centros especializados em cirurgia de mão para economizar, mas acabam gastando mais com as complicações. É uma gestão burra", afirma o ortopedista Rames Mattar Júnior, coordenador do grupo de cirurgia da mão do Hospital das Clínicas.

Entre as complicações está a osteomielite, uma infecção óssea que pode surgir a partir de fraturas expostas e levar à morte de partes do osso por falta de irrigação sanguínea.

Segundo Mattar Júnior, pelos parâmetros americanos e europeus, a Grande São Paulo deveria ter ao menos dez centros de referência de cirurgia da mão. "Não temos nenhum."

Para o ortopedista Edgard de Novaes França, cirurgião de mão do centro de reabilitação da AACD, a situação caótica não se resume ao primeiro atendimento. Estende-se também ao processo de reabilitação, fundamental para recuperar a funcionalidade das mãos.

"Às vezes se gasta três, quatro, 12 horas em uma cirurgia de emergência e o procedimento é perdido por falta de processo de reabilitação. Isso angustia muito", diz o médico.

Secretaria

Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde não respondeu sobre a escassez de centros de referências em cirurgias e reabilitação de mão. A nota diz apenas que, neste ano, o número de serviços habilitados na rede SUS para a realização de cirurgia de mão, passou de 44 para 65 - aumento de 47%.

Sobre a reabilitação de pacientes, a secretaria informou que o governo do Estado entregará novos hospitais destinados exclusivamente ao atendimento de portadores de deficiência física.

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